15 janeiro, 2008

Fobia escolar

Num dos dias do final do 1º período uma colega, directora de uma turma do 5ºano, veio pedir-me para dar apoio a uma aluna da sua direcção de turma. Explicou-me que não é um apoio qualquer, a aluna tem fobia escolar. Respondi prontamente que estava disponível e logo me foi colocado no horário um bloco de 90min para o tal apoio.

Na altura lembrei-me que já tive um aluno com fobia escolar (foi meu aluno no 7ºano) e que não era muito diferente dos outros: era conversador e perturbador nas aulas. Lembro-me que nesse ano pensei que: "ou eu não sei o que é a fobia escolar ou o aluno não tem fobia escolar". Pois; na altura provavelmente já se tinha ido embora a fobia dele. Ainda bem!

A minha colega explicou-me que a Ana não vem às aulas há três anos, ou seja, é aluna do 5º ano pelo terceiro ano consecutivo. Quando veio para o 5ºano pela 1ª vez, na companhia da mãe, chorava desalmadamente, desmaiava, vomitava, enfim...
Hoje, depois de muitos esforços, já conseguem que a Ana entre na escola pelo seu próprio pé e sem a companhia da mãe. Não vem às aulas. Vem aos apoios: tem aulas com professores de áreas diferentes que lhe explicam a matéria e a ajudam a estudar. A Ana não tem dificuldades de aprendizagem, pelo contrário! Aulas com a turma nem pensar! Mas já conseguiu assistir a uma aula de Educação Física.
Disseram à Ana que ela tinha uma professora de ciências disponível para ela (EU). Não apareceu uma vez, duas, três. Conseguimos ser apresentadas. Engraçado, fiquei com a ideia que a Ana é super "normal" (desculpem a palavra mas não me ocorre outra, penso que me percebem). Ficou um pouco envergonhada quando me viu mas tinha um sorriso nos lábios. Eu não quis assustá-la, sorri, disse-lhe que ia gostar de ciências e combinei encontro para a hora marcada no horário.
A Ana ainda não apareceu; quando a Directora de Turma lhe liga a perguntar o que se passou tem sempre uma desculpa bastante razoável (tão razoável que eu já tinha desconfiado que era desculpa e a minha colega afirmava que não era).
Hoje voltou a não aparecer e eu própria liguei-lhe para casa às 9h. Ninguém atendeu. Certamente sabia quem era e não atendeu, opinaram as funcionárias. "Oh sô possora, não é de estranhar, o encontro com uma pessoa nova para ela é terrível, ela não consegue ultrapassar".
Queria tanto ajudar a miúda!...
Vamos tentar outra estratégia: encontro com uma professora com quem ela está habituada e eu apareço como por acaso.
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A fobia escolar é uma doença que se distingue dos vulgares medos. É mais intensa e prolongada no tempo e interfere com o quotidiano da criança e de toda a família. As crianças apresentam sintomas somáticos, como vómitos, diarreia, palpitações, dores diversas, perturbações do sono e da alimentação. Podem urinar na cama e chorar desalmadamente quando se aproxima a hora de ir para a escola, o fim das férias ou o final do fim-de-semana.
Para saber mais: podem ler aqui, aqui e aqui.

11 janeiro, 2008

1 semana = 2 sustos

Esta semana começou bem...

O primeiro susto ocorreu numa das minhas aulas de CFQ. Digo susto porque nunca me tinha acontecido; para os alunos foi uma aula emocionante.
Tinha acabado de preparar uma solução aquosa de cloreto de sódio e tinha-a colocado sobre a chama da lamparina (objectivo: fazer a evaporação do solvente). Para não perder tempo, ia colocar esta montagem para o lado (para preparar uma cromatografia) quando... PAF! A lamparina virou-se, o álcoool etílico desnaturado (desnaturado mesmo!) derramou-se sobre a mesa e umas belas labaredas surgiram sobre toda a superfície da mesa por onde o álcool se espalhou. Com a atrapalhação de afastar o frasco de álcool das chamas, virou-se o recipiente com a mistura de álccol e água que já tinha preparado para a cromatografia. Que bonito serviço! Nunca tal me tinha acontecido!
Os alunos, numa tentativa de ajudar, esqueceram as regras de segurança e começaram a soprar nas chamas! Imaginam o que aconteceu, não? Fizeram com que o líquido inflamável se espalhasse pelo resto da mesa com as chamas atrás.
Foi então que tive de chamar toda a minha calma (por dentro, a subir paredes) e disse: "Calma! Não sopres!!! O que é que eu ensinei?! Tu, vai buscar aquela manta".
"Tap tap tap" e as chamas apagaram-se. Não foi difícil. Foi apenas uma situação inesperada.
Meninos, as regras de segurança? Viram o que eu fiz? Afastei imediatamente o frasco do álcool. Temos de ter calma, não fazer a primeira coisa que nos vem à cabeça! Estão a ver? Os acidentes acontecem se não tivermos MUITO cuidado no trabalho de laboratório!"
A aula prosseguiu com alguma normalidade.
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Na aula seguinte, com o outro turno da turma:

Aluna: "Stôra, foi verdade que a mesa começou a arder na aula do outro turno?"
Eu: "Sim, foi."
Aluna: "E foi verdade que a Maria começou a guinchar?"
Eu (já com vontade de rir): "Sim, foi."
Aluna: "E a stôra estava calma?!"
Eu (triunfante e com vontade de rir): "Sim."
E nada mais se passou. Que bom! Consegui que tudo não passasse de um pequenino contratempo.
"Nem tudo o que parece é!" Que grandes actores que são os professores! :)
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Mal refeita do primeiro susto, cheguei a casa e liguei a TV. O que fiz eu!?!?
fui surpreendida por uns barulhos que pareciam de metralhadora misturados com estalos e pedras a cair! Ai meu Deus! Parecia que estava alguém no interior do aparelho a mandar pedras para o ecran!
Desliguei-a.
Voltei a ligá-la. O mesmo.
"Aqueles electrões estão zangados", pensei, "precisam de passar para a Terra". Desliguei a antena exterior e liguei a interior. Apareceu imagem! Boa! Estalos, só de vez em quando e muito pequenos. Óptimo!
No dia seguinte liguei o aparelho novamente e depois de alguns estalos... PUF de vez! Nem o LED dá luz!
Já a levei ao "Doutor"...

04 janeiro, 2008

Teve de ser...

Já vou a meio do 2º dia de aulas.
O regresso ao ritmo de aulas custa sempre. O trânsito; O ter de chegar a horas certinhas (1 minuto de atraso pode ser "a morte do artista"); As chatices; As papeladas; As inovações; Os prazos; Os berros dos miúdos... enfim... não estou a dar novidade nenhuma a quem é professor.
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E, para mim, mais uma mudança ZINHA no horário (nada a que eu já não esteja habituada).
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Bom início de aulas para todos!
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